Ubuntu

Quem somos nós?

Filósofos, religiosos e poetas se perguntam, “quem somos nós?”. A maior parte das explicações, a começar do “penso logo existo”, passando por frivolidades do tipo “sou o que como”, considera o indivíduo isoladamente, sem levar em conta a sua relação com outros. Um velho ditado de autor desconhecido lança um olhar diferente, explicando o individuo a partir da sua relação com os outros: “diga-me com quem tu andas e dir-te-ei quem tu és”. A filosofia Ubuntu de alguns países da África subsaariana nos dá uma sábia e poética visão de quem somos. Quando duas pessoas se encontram uma delas diz: Eu te vejo. A outra responde: Estou aqui.

A razão desse cumprimento é que segundo essa filosofia a pessoa só existe quando alguém a vê. Ubuntu significa “crença no compartilhamento que conecta toda a humanidade”. O software livre Ubuntu nasceu seguindo esse princípio. A filosofia africana se aproxima do moderno conceito de redes sociais segundo o qual para se tornar humano não basta a constituição biológica, é necessário conviver em uma rede social. Assim, o conceito de indivíduo – uma caracterização biológica ou uma abstração econômica e estatística – tende a perder sentido para dar lugar à pessoa, que é, afinal, quem existe de fato como ser humano concreto. Pessoas são caminhos, portas, pontes. É sempre por meio de uma pessoa que podemos interagir com quem está em outros mundos. O pesquisador Canadense Filion, fazendo uma paródia desafia: diga-me com quem pretendes andar e dir-te-ei que empreendedor desejas ser”. De fato, somos também definidos pelas relações que estabelecemos com a natureza, com a liberdade, com o poder, com nós mesmos. É fruto dessa concepção um provérbio que esbanja sabedoria: “um empreendedor isolado está em péssima companhia.”

Um abraço do Fernando Dolabela

 

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