Empregados costumam manter atualizados os seus currículos, o instrumento para se candidatar a um lugar em outra empresa. Nunca se sabe. A demissão pode vir de repente. Ontem elogios. Hoje, rua. Revistas ensinam banalidades sobre como se deve comportar na entrevista de emprego. Que roupa usar, quando sorrir, o que esconder, o que perguntar, quais confissões não comprometem. Olhar o entrevistador nos olhos e dar-lhe um aperto de mão firme demonstram autoconfiança. Fracassos devem ser escondidos. As dicas das revistas tratam de futilidades, já que o ingênuo desnudamento da alma geralmente provoca rejeição. Históricos de comportamentos padrões atendem à conformidade buscada pela empresa. Vestes bem comportadas atraem a boa vontade do entrevistador que, no papel de guardião do sistema, deixa-se levar pela maquiagem que melhora a superfície e mascara a alma. A entrevista de emprego trata do passado, mas o que está em jogo é o futuro. Com falas decoradas entrevistador e entrevistado simulam perspicácia e inteligência, mas só conseguem intercambiar mentiras ou meias verdades. O candidato joga tudo para conseguir um papel que não foi feito para ele, mas para um ser fictício que existe somente na descrição do cargo, geralmente uma caricatura que o distancia do seu próprio eu. Em uma sociedade não empreendedora o desemprego é uma catastrofe.
O empreendedor busca o trabalho seguindo caminhos diferentes. O impulso inicial vem da emoção, que leva o indivíduo ao encontro de si mesmo e o coloca em condições de encontrar a sua paixão e realizar o seu sonho. Enquanto o empregado é um ator, o empreendedor é o autor e protagonista da própria vida.
Um abraço do Fernando Dolabela