Algumas pessoas e países pautam as suas vidas pela percepção que têm do presente. Outros se deixam governar pelo passado e há ainda os que se orientam pela concepção de futuro que construíram. Isso faz toda a diferença. Estudos indicam que países ricos olham para o futuro, países pobres se prendem ao passado e sociedades em desenvolvimento se ligam ao presente. A escolha da referência temporal é influenciada pela religião, escolaridade, cultura, clima mas também pelo contexto político, econômico e institucional. Assim, quando a sociedade se encontra sem saída diante de uma realidade em que as instituições são pouco confiáveis, os políticos são corruptos, o desemprego é grande, as pessoas vivem o presente e limitam-se a descrever a realidade por meio de uma lógica binária, o bem contra o mal, bom ou ruim, esquerda ou direita. Adversários fictícios são responsabilizados. A análise mais profunda e a busca de soluções ficam esquecidas. Se a crise é mais intensa, a insegurança e o descrédito fazem com que o país se apóie no passado e faça perguntas do tipo: por que não a volta dos militares? A orientação para o futuro exige um presente que inspire confiança e permita avaliar as conseqüências das ações. No entanto ela não está no nosso DNA, é conseqüência de um aprendizado. Um bebê não se preocupa com a refeição de amanhã. Quando éramos caçadores e coletores vivíamos o momento. Com a domesticação de plantas, passamos a agir pensando no amanhã e aprendemos a planejar para enfrentar o inverno. O futuro começava a determinar o presente. Empreendedores fazem isso. Eles criam o futuro sem se deixar vitimar pelo passado.