O querido cafezinho, quem diria, criou as condições para o maior salto intelectual dos últimos 500 anos e turbinou a inovação em todas os setores da atividade humana. Na Europa do século XVII todos bebiam álcool de manhã à noite, no trabalho e fora dele, sete dias por semana. Cerveja para matar a sede durante o dia, vinho nas refeições e antes de dormir. No entremeio uma bebida destilada. A população ficava meio bêbada durante todo o tempo. Havia um motivo: a água era impura. Foi então que o café chegou à Europa, substituiu o álcool e mudou o mundo. A cafeína é uma espécie de pesticida natural, produzida para eliminar insetos predadores. A mente humana passou a receber um estimulante no lugar de um depressivo. Mas não foi só isso. A arquitetura dos locais onde o café era tomado foi uma inovação espetacular, que acelerou outras inovações. Nos cafés as pessoas sentiam-se à vontade para conversar. Artistas, intelectuais, políticos, inventores, pessoas comuns trocavam opiniões, falavam sobre tudo, divergiam. Ideias saíam da clausura para fecundar outras mentes. A Revolução Francesa e a Independência Americana foram urdidas em cafés que além de estimular as mentes e afastar o álcool, transformaram-se em leito conjugal das ideias. Os cafés chegaram ao Rio de Janeiro no século XIX, onde a confeitaria Colombo foi e continua sendo referência. A ainda criança BH reunia políticos, romancistas e fofoqueiros nos cafés Palhares, Nice, Pérola e Bar do Ponto. Eu guardo boas lembranças desses lugares e dessa a época.
Abraço do FD